quinta-feira, 22 de outubro de 2009

ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO

“Caminhos para uma Vida Saudável”

Horta Escolar – Caderno 3

A modernização mudou a cultura alimentar das pessoas. Nossos pais e avós, há bem pouco tempo costumavam comer galinha caipira, angu de milho, etc... e gastavam muito tempo preparando o almoço, o lanche e o jantar.
Na nossa sociedade, principalmente em grandes centros urbanos e, nesta geração de mulheres trabalhando fora, da valorização da rapidez e da agilidade, o que mais vale para as pessoas são o tempo de cozimento e praticidade dos alimentos. Em muitos casos gasta-se de 15 a 30 minutos para preparar e consumir uma refeição, seja em casa, seja no trabalho.
Com isso abrimos mão de nossos cardápios regionalizados, típicos, de hábitos alimentares construídos em família e de nossas preferências alimentares, para experimentar novidades de uma sociedade em transformação, que apresenta muitas variedades de alimentos industrializados destinado a nós, os consumidores finais.
A cultura alimentar de um povo é algo em permanente transformação. A diferença é que as transformações aconteciam em função da chegada de populações de outras regiões ou países trazendo suas tradições. Hoje as transformações se dão a partir de fatores econômicos e sociais e são promovidos, principalmente, pelos instrumentos de comunicação em massa.
No mundo atual o que tem destaque na TV, por exemplo, são os serviços de alimentação considerados “modernos” como drive-thru, fast-food, delivery além dos alimentos congelados, pré-cozidos, enlatados, pois são produtos práticos e que aparentemente resolvem a questão da falta de tempo que marca a sociedade. Uma pesquisa mostra que uma exposição de 30 segundos de alimentos na TV é capaz de influenciar, principalmente a crianças, na escolha de determinado produtos.
Associados à força da TV, há, ainda, três fatores que contribuem gradativamente para as mudanças nos hábitos alimentares por parte das crianças: a falta de tempo dos pais, que acabam incentivando o consumo de produtos industrializados; a provável falta de conhecimento dos pais sobre alimentação saudável e a influência do grupo social.
A Organização Mundial da Saúde afirma que uma das melhores formas de promover saúde é através da escola. Isso porque entende a escola como um espaço social onde muitas pessoas convivem, aprendem e trabalham. Um espaço social onde estudantes passam a maior parte do seu dia. “Além disso, é na escola onde os programas de educação e saúde podem ter maior repercussão, beneficiando os estudantes na infância e adolescência. Nesse sentido, os professores e todos os demais profissionais tornam-se exemplos positivos para os estudantes e suas famílias e para a comunidade na qual estão inseridos.”
E nosso papel, como educadores, é fomentar essa discussão em nossas turmas e permitir que os educandos se tornem mais qualificados para enfrentar e questionar as novas regras que a sociedade do consumo tenta nos impor. A partir desse aprendizado, certamente eles exercerão influência sobre seus pais, irmãos e sobre a alimentação cotidiana da família.
Toda pessoa tem o direito a um padrão de vida que garanta a saúde e o bem estar. Essa condição é garantida, legalmente, por um conjunto de preceitos denominado de “Direitos Humanos.”
O direito do ser humano alimentar-se dignamente e ter acesso à alimentação adequada hoje é lei no Brasil e nem todos nós sabemos disso. Esse direito é parte constituída do leque de direitos humanos e sua garantia é indispensável para que o ser humano possa usufruir de outros direitos já conquistados, como o direito à educação por exemplo.
Segundo Virgínia da Matta, “não necessariamente a classe mais baixa tem problemas de má nutrição.” Na classe A as pessoas também não se alimentam adequadamente. Então há problemas de falta de nutrientes que deveriam vir dos alimentos. Isso se verifica em todas as classes sociais, por exemplo, no consumo de frutas e verduras.
A nós, os educadores, fica o grande desafio de propor aos educandos essa reflexão, por meio dos vários tipos de textos existentes. Essa reflexão pode ser feita com pessoas de qualquer idade, desde a creche até a pós-graduação, o que vai se modificar é o nível de aprofundamento que vamos nos permitir experimentar.


A Obesidade

Como outros países em desenvolvimento, o Brasil evidencia uma forte tendência de diminuição da desnutrição em todo o país e um progressivo aumento da obesidade, em intensidades diferentes, dependendo da região e do estrato social. Esse processo é conhecido como transição nutricional e é caracterizado pela inversão do panorama dos problemas nutricionais de uma população.
Os fatores que contribuem para a transição nutricional no mundo são, principalmente, as mudanças econômicas e demográficas. Dentro desse contexto, alterações no consumo alimentar vêm sendo observadas, tendo em vista o alto consumo de alimentos fritos ou gordurosos, produtos industrializados, açúcares e refrigerante, em substituição aos alimentos frescos (verduras, legumes, frutas) e os básicos (arroz, macarrão, feijão), associado ainda a um estilo de vida sedentário.
A alimentação saudável e adequada é sempre uma opção em qualquer circunstância. Por esse motivo, é importante disponibilizarmos o maior número de informação possível aos educandos e sensibilizá-los para os problemas que uma alimentação inadequada pode ocasionar, tanto no presente, quanto no futuro.
A alimentação saudável é aquela baseada em alimentos que atendem as necessidades do nosso organismo. Essas necessidades mudam de acordo com a idade e o sexo de cada um de nós e ainda, com as atividades que exercemos.
Uma alimentação saudável e equilibrada deve conter diversos nutrientes: carboidratos, proteínas, lipídios, (gorduras), água, vitaminas, minerais e fibras. Os nutrientes são divididos de acordo com suas funções em nosso organismo.

Hortaliças – O consumo de hortaliças é muito importante para a saúde, pois elas são fonte de fibras, vitaminas e sais minerais. As fibras alimentares são fundamentais para o funcionamento do organismo, especialmente para o aparelho digestivo. Já as vitaminas e os minerais realizam papéis importantes em nosso corpo, regularizando o funcionamento do metabolismo e no fortalecimento do sistema imunológico. Devemos consumir hortaliças e frutas em, pelo menos, cinco porções ao dia. O organismo é uma máquina que necessita de energia e dos nutrientes contidos nos alimentos. Quando se produz um desequilíbrio entre as necessidades do organismo e o consumo de energia e nutrientes, para mais ou para menos, e esta situação se mantém por um período, o organismo fica doente.
A horta é uma possibilidade lúdica e concreta das crianças, adolescentes e adultos vivenciarem o planejamento, o nascimento crescimento, a coleta e a preparação do alimento. Esse processo pode parecer simples, mas na prática, torna-se inesquecível para os educandos.
Utilizando o alimento como tema e a horta como espaço de experimentação, o professor e a professora podem desenvolver várias temáticas e atividades integradoras dos vários campos do conhecimento, que, certamente, vão gerar novas aprendizagens.
Numa sociedade dinâmica como a do Brasil atual, alguns valores e informações acabam passando despercebidos no cotidiano da família. Muitas crianças convivem com a informação de que todos os brasileiros têm acesso a tudo a que elas vêm em suas mesas. Desconhecem as dificuldades do homem do campo em plantar e colher, a influência do clima sobre a produção dos alimentos, entre outras questões.
A ausência da informação é um elemento que modifica a história das pessoas, uma vez que não favorece a percepção do valor do trabalho, do homem, do outro, do planeta. Sem esse conhecimento, essa reflexão, a escola terá dificuldade em provocar em cada educando o necessário desejo de produzir, de criar e de se responsabilizar pelo destino da humanidade.
A horta exerce grande influência sobre a cultura alimentar das crianças.

A qualidade e harmonia da alimentação

Podemos dizer que a qualidade da alimentação é definida por sua composição. A alimentação precisa contar com alimentos de diversos grupos, e ainda, com condições adequadas de conservação e manipulação. Alimentos que são mal conservados, mal cozidos ou mal higienizados podem causar danos à saúde de quem os consome. Os danos não são apenas para a saúde, mas, também, no desempenho e na aprendizagem do estudante.

A cozinha da escola

Quase todas as escolas possuem um lugar de preparação dos alimentos e quase nunca procuramos esse espaço. Esse lugar de preparação dos alimentos pode ser um enriquecedor espaço para nossas aulas. Além de espaço de produção a cozinha na escola pode ser espaço de pesquisa. Ex.: Uma pesquisa na própria escola sobre as condições dos alimentos que chegam para os estudantes e as condições de trabalho dos responsáveis por esse alimento.
É importante que os educandos saibam que a contaminação dos alimentos se dá especialmente pela manipulação humana, se não forem aplicadas as técnicas de higiene necessárias. Para melhor discutir a questão, a sua turma pode desenvolver uma pesquisa sobre como essas normas estão sendo aplicadas na escola e já propor alternativas para a superação de algumas dificuldades detectadas.
Esse trabalho da turma poderá ajudar a direção da escola e as merendeiras a repensarem esse espaço e essa realidade. Como estudo a turma poderá oferecer a sua contribuição e, certamente, essa tarefa terá mais chances de ser melhorada.

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